Confira o que dizem Raquel Antunes (@raquelantunes.nutri), nutricionista clínica do Grupo Valsa, no Rio de Janeiro, Melanie Rodacki (@dramelanierodacki) e Samille Frota Monte Coelho (@drasamillefrota), médicas endocrinologistas e membros da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).
Diabéticos precisam cortar o açúcar completamente da dieta?
Não necessariamente. As especialistas são unânimes: o mais importante é ter autocontrole e evitar exageros. “O consumo de açúcares simples deve ser limitado, mas o mais importante é o controle da quantidade total de carboidratos e a qualidade da alimentação como um todo. Como tudo na alimentação, o foco está no equilíbrio. Mais do que cortar simplesmente o açúcar, priorizar carboidratos complexos, integrais e ricos em fibras pode ajudar mais a manter a glicemia estável“, afirma Raquel Antunes.
A endocrinologista Samille Frota reforça que pequenas quantidades podem ser incluídas no plano alimentar: “O mais importante é o controle da quantidade e da frequência, não a proibição total. Pessoas com diabetes podem consumir pequenas quantidades de açúcar dentro de um plano alimentar equilibrado, ajustado ao uso de medicamentos e à rotina de atividade física”.
“Pessoas que contam carboidratos na dieta podem incluir pequenas quantidades de alimentos contendo açúcar, desde que tenham orientações adequadas de como fazer isso e também mantenham uma dieta saudável e rica em fibras na maior parte do tempo“, salienta Melanie Rodacki.
Produtos diet são sempre mais saudáveis?
Nem sempre. O termo diet significa sem adição de açúcar, contudo, esses produtos podem conter mais gorduras ou calorias para compensar o sabor. Por isso, a recomendação da nutricionista Raquel Antunes é preferir alimentos in natura e minimamente processados.
Para a doutora Samille, ler os rótulos das embalagens é essencial: “É importante sempre ler o rótulo e verificar o valor total de carboidratos, não apenas se o produto é sem açúcar. Um chocolate diet, por exemplo, pode ter mais calorias do que o tradicional, dependendo da formulação. Nem sempre o sem açúcar é a melhor escolha”.
Como adaptar receitas sem perder o sabor?
A endocrinologista Melanie Rodacki sugere o consumo de sobremesas feitas com frutas, iogurtes, pouca gordura e com fibras para quem gosta de adoçar o dia, mas não pode exagerar. Substituir o açúcar por adoçantes naturais como stevia, xilitol, eritritol ou taumatina também é uma alternativa segura. Entretanto, eles devem ser usados com moderação e preferencialmente nas versões puras, sem aditivos artificiais.
Além disso, especiarias como canela, cravo e baunilha ajudam a realçar o sabor sem elevar a glicemia, segundo Raquel Antunes.
Especialistas explicam como os diabéticos podem incluir doces com equilíbrio no dia a dia — Foto: Reprodução/Freepik
Especialistas explicam como os diabéticos podem incluir doces com equilíbrio no dia a dia — Foto: Reprodução/Freepik
Diabéticos podem usar frutas para adoçar receitas?
De acordo com a médica Samille Frota, frutas frescas, secas ou em purê são ótimas opções para adoçar de forma natural e nutritiva. “Elas fornecem fibras, vitaminas e antioxidantes, o que ajuda a equilibrar a glicose”, esclarece a profissional.
Ela ainda indica a banana madura, maçã ralada, tâmaras e uvas-passas para substituir parte ou todo o açúcar em bolos, panquecas e mingaus. Mas o diabético deve consumi-los com cautela. “Mesmo sendo naturais, as frutas contêm frutose (um tipo de açúcar), portanto, devem ser usadas em quantidade moderada, especialmente em sobremesas”, reforça ela.
Alimentos que ajudam a controlar as taxas de açúcar
Grãos integrais, legumes e proteínas magras são aliados de quem tem diabetes. “Os alimentos mais indicados são aqueles que liberam glicose lentamente, como grãos integrais, legumes, verduras, proteínas magras e gorduras boas, como o azeite e o abacate. Os alimentos ricos em fibras são fundamentais para retardar a absorção dos açúcares“, exemplifica Raquel Antunes.
A ordem do prato faz diferença e evita picos de glicose
Na hora de comer, Melanie Rodacki diz que o ideal é combinar carboidratos com proteínas (frango, peixe, carne, ovo, leite, queijo, proteínas vegetais), vegetais ricos em fibras e carboidratos sem açúcar adicionado e que sejam ricos em fibras, a exemplo do pão integral, maçã com casca e arroz integral. “Comer os vegetais e as proteínas antes dos carboidratos ajuda a evitar picos de glicose”, acrescenta.
Samille Frota realça a importância de começar a refeição pela salada e fontes de proteína. “Essa sequência faz diferença: quando há fibras e proteínas primeiro, a absorção da glicose é mais lenta e os picos de açúcar são menores. Por exemplo, comer salada + frango + arroz integral ajuda a controlar muito melhor a glicemia do que começar pelo arroz”, orienta a especialista em saúde.



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