Paola Carosella define relação com a comida brasileira: ‘Respeito’

“Acho que é uma alma inquieta, que pesquisa — pelo menos, a minha —, que não se contenta com a superfície, que mergulha e vai até a raiz”

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Neta de italianos, Paola chegou ao Brasil em 2001 depois de passar por restaurantes na Argentina, Uruguai e Estados Unidos. E por aqui, depois de uma passagem pelo Figueira Rubaiyat, a chef teve suas próprias casas em São Paulo: o Julia Cocina, o Arturito e La Guapa Empanadas e Café.

E por aqui ela ficou e começou a se encantar pela comida brasileira e sua diversidade. “A palavra que define a minha relação com a cozinha brasileira é respeito. O que me encanta é como eu consigo relacionar o que eu aprendo sobre a história, sociedade e geografia do Brasil através da gastronomia brasileira”, conta.

Com uma alma viajada e inquieta, a argentina naturalizada brasileira celebra mais de três décadas de dedicação a diferentes áreas — gastronomia, filantropia, empreendedorismo e maternidade. Ainda assim, ela afirma sempre estar em busca de um novo desafio, algo novo para aprender:

“Eu tenho vontade de aprender a desfrutar mais do que eu faço. As vezes eu fico fazendo muita coisa e não consigo me aprofundar nelas”, confessa.

Tendo como “lugar preferido da casa, do mundo inteiro”, fizemos a difícil pergunta para a chef: é possível eleger as três receitas mais marcantes dessa trajetória, iniciada muito antes de ser chef — mas ainda na infância, quando acompanhava as avós na cozinha?

“É muito reduzir tudo que eu comi [durante a vida] a três receitas. Muito, muito difícil. Talvez as que venha com mais facilidade são as da minha infância, mais do que uma de um restaurante ou de viagem. Porque as minhas avós e as comidas que elas faziam me marcaram muito. Uma macarronada, a galinha cozida no molho de tomate, o cozido de coelho com alecrim, os peixes que meus avôs pescavam e minhas avós cozinhavam, tudo isso está muito impregnado em mim”

A cada episódio do Alma de Cozinheira, comida e conversa se cruzam trazendo um tempero especial ao programa comandado por Paola. E a palavra de ordem para montar o menu de cada encontro é encantar:

“A gente pergunta para os convidados quais são seus hábitos alimentares, se tem coisas que não comem, se tem coisas que eles gostam… Ai, eu pego [os gostos] dos convidados e convidadas e depois de estudar quem são essas pessoas, o que eles comem e não comem, gostam e não gostam, como faz um cardápio que encantem os dois. […] Por que encantar as pessoas que a gente recebe é o primeiro passo né?”, finaliza.