O que é tex-mex? Entenda o termo que embolou Batista no Geladeiras em Ação

A comida “mexicana” que se popularizou ao redor do mundo vem da união dos sabores picantes da gastronomia tradicional mesoamericana, os ingredientes introduzidos pelos colonizadores espanhóis e a necessidade de simplificar o paladar para ser incorporada na cultura estadunidense.

Tex-Mex, como muitos restaurantes se rotulam, é a união da palavra Texas e México. Foi nome de uma importante ferrovia que ligava os dois lugares e virou rótulo da culinária que nasceu do encontro diferentes povos.

Os dois territórios atualmente dividem fronteira, mas no passado eram um “país” só. Em 1846, os Estados Unido incorporaram a República Texana (ou Tejana) — uma vasta área rebelde do México, que buscava independência do país — e parte desse território é o que hoje conhecemos como o estado do Texas, o segundo e mais populoso estado estadunidense.

“A culinária do México é extremamente variada e muito diferente do que os americanos pensam como mexicano, que é em grande parte a culinária das regiões fronteiriças, ou mesmo Tex-Mex”

“A história da imigração mexicana é única, em parte porque muitas das pessoas não imigraram. Em vez disso, os Estados Unidos engoliram uma grande parte do que antes fazia parte do México: todo o Sudoeste, Califórnia e Texas. Houve também imigração posterior […]. A culinária do México é extremamente variada e muito diferente do que os americanos pensam como mexicano, que é em grande parte a culinária das regiões fronteiriças, ou mesmo Tex-Mex.”, explica o professor de história Ken Albala, da University of the Pacific, no livro-guia do curso Food: A Cultural Culinary History [Comida: História cultural da culinária, em tradução livre]

“Embora a variedade de sabores seja significativamente atenuada, a culinária mexicana é empolgante precisamente porque é picante, bem temperada e oferece uma variedade de sabores e texturas que estão completamente fora do que a maioria das pessoas pensam como comida americana padrão. No entanto, ao mesmo tempo, é familiar e reconhecível. A simplificação é a chave para o seu sucesso”, continua o professor Albala em seu guia.

Se você for ao México, não espere encontrar tortilhas brancas feitas de farinha de trigo. Na Mesoamérica, esse “pão achatado” é feito de milho e tem registros de existência que datam mais de 3 mil anos. O grão é, inclusive, considerado a base da gastronomia do país.

“É uma cozinha à base de milho. Grão com mais de sete milênios de idade e que segundo os maias é a criação dos deuses e a partir do qual eles criaram a humanidade. A origem e o cultivo deste elemento nutritivo e rico tem sido a base da dieta de todas as culturas do nosso país, tornando-o um símbolo de crenças e identidade cultural”, relata um artigo da publicação mexicana Milenio quando a culinária tradicional mexicana foi incorporada à lista de Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade da Unesco em 2010.

Também estão presentes na cozinha mexicana tradicional o abacate, o tomate, diferentes feijões, a baunilha e o cacau — todos ingredientes nativos da América.

Para muitos mexicanos, a comida que melhor representa o país é o mole, um tipo molho que pode ser feito com centenas ou apenas dezenas de ingredientes, dependendo de onde é feito. Pode ser feito até com chocolate e é servido com diferentes carnes.

Na temporada Soy loco por ti, America do Tempero de Família, o Rodrigo Hilbert ensina a fazer Pollo al Mole Poblano — ou, frango assado com molho de especiarias e chocolate. Vem aprender: