O boom do zero álcool: tendência que redefine consumo e produção no Brasil

O boom do zero álcool: tendência que redefine consumo e produção no Brasil


A frase dita no reality de grande repercussão nacional reflete a escolha da musa fitness, mas também aponta para uma tendência que afeta boa parte da população, que prefere se abster das bebidas alcoólicas, procurando uma rotina mais equilibrada e focada. Ela também se reflete no mercado: a produção de bebidas zero álcool vem conquistando cada vez mais espaço e as projeções apostam em um crescimento expansivo do setor no Brasil e no mundo.

Jovens bebem menos

Em pesquisa feita pelo Ministério da Saúde, publicada no ano de 2023, observou-se aumento do consumo de álcool em todas as faixas de idade, exceto entre 18 e 24 anos, sugerindo que o jovem brasileiro está mais sóbrio. É o caso da influenciadora digital Bianca Portela, que, aos 21 anos, decidiu não mais beber álcool.

De acordo com a assessoria de Bianca, a escolha veio por meio do estilo de vida saudável: “Pessoas que consomem álcool não têm bons resultados físicos nos treinos. Sem contar o quão prejudicial o álcool é para a saúde. Prejudica o fígado, rins, dificulta extremamente a hipertrofia muscular, etc. São muitos pontos negativos, o que acaba não valendo a pena”.

“Hoje em dia, ela fica extremamente feliz por ter feito essa escolha. Sua vida saudável não fica prejudicada pelo álcool e a pressão social para beber não a afeta mais, pois ela tem fortemente em mente que não vale a pena”, pontua a assessoria da influenciadora.

Aos 21 anos, Bianca Portela tem rotina fitnees e não bebe álcool — Foto: Reprodução/Instagram

Com quase 3 milhões de seguidores no Instagram, Isadora Nogueira, criadora de conteúdo, humorista, atriz, pertencente à Geração Z, também declarou a adoção de uma vida zero álcool: “Eu bebo água, eu bebo suco, eu bebo kombucha. Eu bebo tudo que vá me fazer bem. Bebida alcoólica? Não gosto mais. Na verdade, eu percebi que não gostava do sabor da bebida alcoólica, só gostava de fugir da minha realidade. Para mim, não faz sentido beber nada mesmo, nem vinho, nem drink. Cerveja eu nunca gostei”.

Drinks sem álcool: desafios e oportunidades

Procurado pelo Receitas, Alex Mesquita, mixologista do Elena, badalado restaurante do Rio de Janeiro, acredita que existem alguns fatores que estão levando o público a aumentar a procura pelos mocktails, os drinks sem álcool: “O cuidado com a saúde, uma menor necessidade de socialização mostrando que o álcool é importante – o álcool não é uma necessidade para o ser humano – e, na minha opinião, o desafio de beber uma boa bebida de excelente qualidade sem um álcool específico”.

“É uma tendência crescente e isso vai despertar ainda mais criatividade dentro da categoria de bares. É um mercado cheio de oportunidades”, pontua o mixologista.

Para o Alex, na criação destas bebidas é importante a observação de uma série de fatores: “Primeiro, respeitar as famílias de coquetéis e as suas bases de sabores. Depois, dar uma roupagem adequada e valorizar essa receita como se ela tivesse álcool e, por último, dar uma função de destaque nos menus”, ressalta o profissional.

Ao citar o público fitness, que não pode ficar de fora, ele destaca: “Hoje existe uma infinidade de açúcares modificados e que não aumentam tanto o índice glicêmico, o que é bom, para gerar novas experiências para esse consumidor específico”.

Alex Mesquita: mixologista fala sobre os desafios do mercado dos drinks sem álcool — Foto: Divulgação/Tomás Rangel

Zero álcool invade prateleiras dos supermercados

Além dos mocktails, a tendência para o consumo de bebidas sem álcool se reflete nas prateleiras de supermercado: na virada de 2024 para 2025, observamos uma grande variedade de espumantes não alcoólicos produzidos por marcas famosas brasileiras, assim, quem não consome álcool também teve a oportunidade de fazer seu brinde.

E o que falar da cerveja? Cada vez mais as marcas investem em cerveja zero álcool. De acordo com o Sindicerv, Sindicado Nacional da Indústria da Cerveja, a projeção de vendas para 2025 é de 983 milhões de litros. Para 2026, este número aumenta para 1,1 bilhão.

“O crescimento expressivo dos últimos anos mostra que esse não é um movimento passageiro, mas sim uma mudança estrutural no comportamento de consumo. Acreditamos que a categoria continuará a se expandir, com mais inovações, maior oferta de estilos e uma aceitação ainda maior pelo público”, declara Márcio Maciel, presidente executivo da Sindicerv.

Em relação à mudança de comportamento por parte do consumidor, Márcio Maciel destaca quais são as apostas do mercado: “Além disso, cada vez mais, a cerveja sem álcool será vista como uma escolha natural em diferentes momentos, seja no trabalho, no almoço, na prática esportiva ou no lazer. E é nesse movimento que a indústria cervejeira aposta: um tipo de cerveja para cada ocasião e perfil. Queremos que as pessoas consumam a alegria, a celebração e não o excesso”, ressalta.

Cerveja zero álcool: projeção estima venda de mais de 1 bilhão de litros no Brasil em 2026 — Foto: Reprodução/Unsplash

Ponto de vista nutricional

Para entendermos um pouco mais sobre questões nutricionais acerca das cervejas zero álcool, conversamos com Alessandra Bonadiman, especialista em nutrição clínica: “A cerveja alcoólica geralmente tem um teor alcoólico que varia entre 3% e 12%. Já a sem álcool, passa por processos que reduzem ou eliminam o álcool. No Brasil e em muitos países, é considerada ‘sem álcool’ se tiver até 0,5% de álcool por volume”, pontua a nutricionista.

A profissional pondera, a respeito dos ingredientes que cada produto pode conter: “A remoção do álcool pode alterar o aroma e a textura, mas, muitas marcas conseguem manter um perfil de sabor parecido com as versões alcoólicas. É preciso atenção pois algumas versões de cervejas não alcoólicas têm mais açúcares adicionados para compensar a perda de sabor causada pela remoção do álcool”, ela alerta.

E cerveja sem álcool engorda? A nutricionista esclarece: “Se for uma versão sem adição de açúcares, a cerveja sem álcool, comparada com a alcoólica, tem menor quantidade de calorias e açúcar, mas, para ter um efeito no emagrecimento, deve ser feito um consumo moderado”, finaliza.

Nutricionista afirma que o consumo de cerveja zero álcool também deve ser moderado por quem busca emagrecer — Foto: Divulgação/Shutterstock

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