Danielle Toledo frisou, entre muitas questões, que uma alimentação equilibrada pode contribuir para evitar crises, falou quais são os alimentos que devem ser evitados, e explicou o que é a dieta cetogênica, que pode desempenhar um papel importante no controle da doença.
1. O que é epilepsia?
É um distúrbio neurológico caracterizado pelo mau funcionamento temporário do cérebro, causado pela emissão incorreta de sinais, descargas ou impulsos elétricos pelos neurônios (células nervosas) que atuam de forma irregular e intensa.
Durante alguns segundos ou minutos, uma parte do cérebro emite sinais incorretos, que podem ficar restritos a esse local ou espalhar-se. Essas crises podem variar em intensidade e tipo, afetando a consciência, os movimentos, as emoções e as funções corporais.
2. Como é o quadro da doença no Brasil?
Estima-se que 3 milhões de paciente, cerca de 2% da população, são acometidas pela doença. No Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza atendimento completo e gratuito para a epilepsia, abrangendo desde o diagnóstico até o acompanhamento e tratamento, incluindo a medicação. O cuidado inicial é, preferencialmente, realizado na atenção primária, por meio das Unidades Básicas de Saúde (UBS) presentes em todo o território nacional.
3. A dieta pode ajudar no tratamento da epilepsia? Quais são os alimentos mais indicados para quem tem a doença?
Desde o início do século passado, observou-se que pacientes epilépticos apresentavam melhor controle de suas crises quando em jejum ou na presença de acidose metabólica induzida pelo jejum e em 1921, o pesquisador médico americano Russell Morse Wilder propôs então uma dieta que simulasse as alterações bioquímicas associadas aos períodos de jejum, conhecida como dieta cetogênica.
A dieta cetogenica pode desempenhar um papel importante no controle da epilepsia, especialmente em casos de epilepsia refratária (resistente a medicamentos) ou nos pacientes em que cirurgia não é possível. Sua adoção pode resultar na redução no número de crises, melhora do neurodesenvolvimento e redução da frequência e a intensidade das crises. Espera-se que esta terapia seja eficaz para, pelo menos, um terço dos pacientes e deve ser feita sob a supervisão de um nutricionista.
A dieta cetogênica é um plano alimentar rico, que contem alta porcentagem de gordura e baixa porcentagem de proteínas e carboidratos: cerca de 90% e 10%, respectivamente. Ela estimula a produção de corpos cetônicos, que ajudam a estabilizar a atividade elétrica do cérebro. Apesar de ser uma dieta especial, ela deve atender aos princípios gerais da nutrição, oferecendo energia, proteínas, minerais e vitaminas, mesmo que por meio de suplementos, visando o desenvolvimento e a manutenção das condições fisiológicas do paciente.
Epilepsia: conheça os benefícios da dieta cetogênica — Foto: Reprodução/Shutterstock
Epilepsia: conheça os benefícios da dieta cetogênica — Foto: Reprodução/Shutterstock
4. Existem alimentos que podem estimular as crises e que devem ser evitados? Quais são eles?
Alguns alimentos podem estimular ou aumentar o risco de crises epilépticas em pessoas predispostas. Isso pode acontecer por diferentes mecanismos, como desbalanço na atividade elétrica do cérebro, deficiência de nutrientes essenciais e irritação do sistema nervoso.
Alimentos ricos em açúcares e carboidratos refinados. Exemplos: açúcar branco, mel, xarope de glicose, pães, massas, arroz refinado, bolos, biscoitos, doces industrializados, refrigerantes e sucos industrializados podem causar picos e quedas rápidas na glicemia, afetando a estabilidade neuronal.
Glutamato monossódico e aditivos alimentares, como os encontrados em alimentos ultraprocessados (sopas instantâneas, temperos prontos, salgadinhos), molhos industrializados (shoyu, barbecue), fast food e embutidos com conservantes podem excitar excessivamente os neurônios, aumentando a chance de descargas elétricas anormais.
A cafeína e estimulantes presentes no café, chá preto, chá mate, chá verde, refrigerantes de cola, energéticos, chocolate ao leite e cacau em excesso podem aumentar a excitabilidade do sistema nervoso, tornando-o mais propenso a crises.
O álcool e bebidas fermentadas, como kombucha e outras interferem nos neurotransmissores e podem reduzir a eficácia dos medicamentos anticonvulsivantes.
5. Quais as outras dicas que uma pessoa com epilepsia deve seguir?
Pessoas com epilepsia podem levar uma vida plena, estudando, trabalhando, se relacionando e construindo famílias, desde que sigam o tratamento corretamente e adotem hábitos saudáveis.
O tratamento deve ser contínuo, e o acompanhamento médico é indispensável para controlar a condição e preservar a qualidade de vida. Compreender e aceitar a epilepsia é um passo fundamental. Embora a doença possa trazer desafios, é importante não permitir que ela defina a vida do indivíduo.
Mais dicas de Danielle Toledo que podem ajudar uma pessoa com epilepsia:
- Registre suas crises: anote a frequência, duração e circunstâncias das crises para ajudar no acompanhamento médico. Aplicativos podem facilitar esse monitoramento.
- Mantenha contato com seu médico: relate sintomas novos e esclareça dúvidas regularmente. Nunca altere a medicação por conta própria.
- Adote uma rotina saudável: exercícios físicos moderados, alimentação equilibrada e bons hábitos de sono ajudam no controle das crises.
- Utilize tecnologia a seu favor: dispositivos como smartwatches e alarmes podem auxiliar na segurança e no monitoramento da condição.
- Busque apoio: participar de grupos de suporte pode fortalecer o bem-estar emocional e reduzir a sensação de isolamento.
- Evite gatilhos: o estresse, a privação do sono, o consumo excessivo de cafeína e álcool podem aumentar o risco de crises.
- Adapte seu ambiente: utilize móveis estáveis, evite pisos escorregadios e adote medidas de segurança para reduzir riscos em caso de crise.
- Carregue identificação médica: pulseiras ou cartões informando sobre a epilepsia e os contatos de emergência podem ser fundamentais em situações imprevistas.
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